Por Daniel Dantas – Jornalista em Varginha (MTB 57.732/DRT/SP)
A bancada mineira na Câmara dos Deputados, composta por 53 parlamentares, representa o segundo maior colégio eleitoral do país e exerce influência direta nas decisões nacionais. No entanto, o desempenho legislativo de seus membros em 2024 levanta questionamentos sobre a eficiência dos recursos públicos empregados na manutenção desses representantes.
Segundo levantamento publicado em maio, os deputados federais mineiros apresentaram 290 projetos de lei individuais e 373 propostas em coautoria no ano. Desses, apenas dois projetos de autoria exclusiva foram aprovados, e seis se tornaram leis com participação de mineiros em coautoria. Em outras palavras, o impacto efetivo da bancada mineira — especialmente considerando o volume de proposições — é notavelmente baixo.
Um alto custo com baixa produtividade
Cada deputado federal custa ao país, em média, R$ 200 mil por mês, somando salários, verbas de gabinete, auxílio-moradia, cotas parlamentares e assessorias. Estima-se que a bancada mineira custe mais de R$ 127 milhões por ano aos cofres públicos, considerando os 53 parlamentares. Quando cruzamos esses valores com o número de projetos realmente aprovados e sancionados, temos um índice de retorno preocupante.
Projetos aprovados: só dois de autoria exclusiva
Entre os poucos projetos aprovados exclusivamente por deputados mineiros em 2024, destacam-se:
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PL 2148/2015, de Jaime Martins (PSD), que cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa, um mercado regulado de carbono no país.
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PL 2549/2024, da deputada Nely Aquino (Podemos), que institui o selo “Cidade Mulher”, premiando municípios com políticas públicas voltadas ao bem-estar feminino.
Embora o segundo projeto seja elogiado por pautar o bem-estar de mulheres, há críticas quanto ao viés ideológico que ignora a necessidade de políticas públicas voltadas também aos homens, sobretudo em áreas como saúde mental, suicídio, desemprego e abandono paterno — temas completamente ausentes nos projetos da bancada.
Coautoria e protagonismo secundário
Outros seis projetos que contaram com apoio de parlamentares mineiros foram aprovados em coautoria, como a criação de programas emergenciais para vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul (com Nikolas Ferreira, Junio Amaral e Pedro Aihara entre os signatários). Ainda assim, a ausência de protagonismo individual da maioria dos deputados mineiros evidencia uma atuação legislativa tímida e, em muitos casos, meramente decorativa.
Falta de equilíbrio e representatividade
Chama atenção ainda o foco repetido em pautas que priorizam recortes identitários, enquanto nenhum projeto relevante voltado à população masculina — como combate ao alcoolismo, evasão escolar, violência urbana ou paternidade responsável — foi relatado ou aprovado pela bancada.
A omissão da bancada em temas centrais e universais expõe uma desconexão com a realidade do eleitor comum, que enfrenta desemprego, insegurança e queda da qualidade de vida. Enquanto isso, os deputados seguem custando milhões ao erário, com resultados práticos mínimos.
Conclusão
A bancada mineira, que tanto poderia representar um motor de mudanças no Congresso Nacional, tem se mostrado cara, improdutiva e alheia a parte significativa da população que diz representar. É preciso repensar a forma como escolhemos e cobramos nossos parlamentares.
Por Daniel Dantas – Jornalista em Varginha (MTB 57.732/DRT/SP)